Em 2022 vimos um novo carro na Fórmula 1 seguindo as mudanças no regulamento impostas pela FIA. Confiram 5 vezes em que as equipes não entenderam muito bem as mudanças no regulamento (matéria traduzida do site da F1.com).
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Todas as equipes ficam animadas com novas regras na F1, porque isso representa uma oportunidade para serem melhores do que seus rivais. Porém, com a recompensa potencial também vem os riscos, o que significa que a performance dos carros pode tanto piorar quanto melhorar.
Várias vezes na história da F1, mudanças no regulamento criaram condições para campeões cometerem erros, fazendo com que eles passem a temporada tentando se ajustar às novas regras. Aqui vão cinco ocasiões quando equipes foram prejudicadas após compreenderem errado as mudanças.
Red Bull-Renault RB10 (2014)
Depois de uma ascensão estratosférica com quatro vitórias duplas no campeonato de pilotos e construtores com Sebastian Vettel entre 2010 e 2013, Red Bull colidiu na volta para a terra em 2014.
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Apesar de terem vencido três corridas com a RB10, todas aconteceram em dias que a Mercedes deixou a peteca cair em termos de dominância. Essa foi uma queda espetacular para a equipe austríaca. Uma consequência primária da mudança dos motores V8 de 2.4 litros para V6 turbo-híbrido de 1.6 litros. Enquanto a Mercedes acertou em cheio nessa mudança, Red Bull tropeçou - devido às dificuldades da Renault, fornecedora de motores da equipe na época.
O carro em si, apesar das mudanças de regras também impactarem o chassis, manteve muito da filosofia aérea do carro anterior e performava bem nas curvas. Mas faltava poder e confiabilidade. Durante 12 dias de testagem, Red Bull correu apenas 1710 km, em parte devido a problemas de motor, mas também devido às várias vezes que a funilaria pegou fogo.
Nesse período era possível escutar som de reparos vindo da garagem fechada da equipe. Aconteceram vários problemas de motor, sendo necessárias mudanças do MGU-K e MGU-H - apesar de que ao final da temporada o sistema de recuperação de energia (ERS) começou a funcionar melhor.
O pacote de unidade de potência também tinha uma alta necessidade de resfriamento - e qualquer fluxo de ar captado para resfriamento não pode ser utilizado para gerar downforce. Foi um ano complicado e o início de um período difícil para a Red Bull.
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McLaren-Mercedes MP4-24 (2009)
Em 2008, a briga pelo campeonato entre McLaren e Ferrari foi emocionante e decidida só no final do campeonato aqui no Brasil. Lewis Hamilton ganhou o campeonato de pilotos para a McLaren, com a Ferrari levando o título de construtores, mas no ano seguinte as duas tiveram problemas. Foi a McLaren que mais deixou a peteca cair em 2009. Nas primeiras oito corridas da temporada, Hamilton só conseguiu arrastar a MP4-24 para os top 10 dos treinos classificatórios apenas 3 vezes.
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Os resultados das corridas foram um pouco melhores, mas a McLaren estava muito para trás - e não só porque eles perderam a controvérsia do difusor duplo, cuja a própria versão a equipe introduziu na quinta corrida da temporada, na Espanha. Inicialmente, a McLaren estava três segundos para trás no ritmo graças a erros de cálculo dos níveis de downforce alcançáveis nas novas regulamentações de aerodinâmica mais “magrinhas”.
Ainda, a equipe se ateve à filosofia da aerodinâmica “inwash” (fluxo na direção do carro), fluxo de ar entre os pneus dianteiros, apesar do alargamento da asa dianteira o que significava que a filosofia “outwash” (fluxo para fora do carro) era a correta. Conquistando apenas 13 pontos na primeira metade da temporada, um upgrade introduzido para a nona corrida em Nurburgring - que mudou as placas laterais das asas traseiras (endplates) para levar o fluxo para fora do carro (outwash), dentre outras mudanças - tornou o carro algo genuinamente competitivo.
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Hamilton conseguiu vencer na Hungria e em Singapura enquanto McLaren se recuperava e ocupava o terceiro lugar, mas o tempo gasto no meio da tabela significou que não restavam chances para vencer o campeonato.
Ferrari F2005 (2005)
A dominância de Michael Schumacher e a Ferrari na F1 chegou a uma parada repentina em 2005, com a única vitória da equipe na temporada no GP dos EUA que apenas 6 carros largaram. Isso aconteceu principalmente por causa de uma mudança nas regras dos pneus.
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Uma decisão tardia foi tomada para banir trocas de pneus durante as corridas (exceto em casos de furo), o que foi uma novidade péssima para as equipes que usavam pneus Bridgestone. A Ferrari, que tinha construído uma relação próxima e de sucesso com seus fornecedores de pneus sofreu com as corridas sem pit stops. Bridgestone tinha optado por uma parede interna mais dura, gerando temperaturas de pneus que exigiam que eles utilizassem compostos mais duros em comparação com os rivais, Michelin, que tinham pneus mais adequados e, assim, mais grip.
Com uma única mudança de regras, a força da Ferrari foi revertida em fraqueza, dado que todos seus rivais na frente utilizavam pneus Michelin. Ainda que as regras de pneus eram o problema principal, existiam outros. Em uma tentativa de diminuir velocidades, também foram feitos alguns ajustes aerodinâmicos levantando a asa dianteira, trazendo a asa traseira para frente, reduzindo a altura do difusor e diminuindo a carroceria na frente das rodas traseiras. A alteração no difusão foi bastante significativa, já que colocava grande ênfase na parte central e forçou a Ferrari a remodelar sua caixa de câmbio, desviando recursos que poderiam ter sido usados numa melhor integração da suspensão traseira com o difusor modificado.
Participando das primeiras duas corridas com uma adaptação do carro de 2004, a F2005 apareceu em Imola e a Ferrari acabou o campeonato em um distante terceiro lugar.
Williams-Renault FW16 (1994)
Depois de dominar as duas temporadas anteriores, todo mundo esperava que a Williams continuasse sendo a equipe a ser vencida em 1994. Mas a proibição de ‘bugigangas’ eletrônicas, incluindo controle de tração, suspensão ativa e freios anti-trava, afetou a Williams mais do que esperava. Os carros antigos, a Williams FW14B de 1992 e a do ano seguinte, FW15C, tinham sido projetados em torno da suspensão ativa. Isso permitia que a altura mantivesse o carro na posição na qual ele trabalhava melhor aerodinamicamente.
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Uma suspensão passiva significava o fim desse controle e revelou problemas que a equipe não tinha enfrentado antes. O FW16 é uma evolução de seus predecessores, o que era algo lógico, dado que as regras de aerodinâmica não tinham mudado tanto - apesar da reintrodução do reabastecimento. Mas utilizar uma suspensão passiva mostrou uma fraqueza quando a asa dianteira ficou perto do chão. Isso fazia com que o carro ficasse para frente, significando que a beira das laterais ficavam muitas vezes muito próximas do chão o que causava uma “estagnada violenta e catastrófica”, como descrita pelo gênio da aerodinâmica da Williams, Adrian Newy.
A solução, depois que a causa foi identificada, foi a diminuição das laterais (sidepods).Enquanto Damon Hill quase ganhou o campeonato de pilotos,o carro era difícil de dirigir no começo da temporada e só a genialidade de Ayrton Senna conseguiu levá-lo à pole position nas três corridas antes de sua morte em Imola.
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Michael Schumacher ganhou o campeonato de pilotos pela Benetton, apesar da Williams ter conseguido, pelo menos, levar o título de construtores.
Cooper-Climax T55 (1961)
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A Cooper dominou o campeonato com os motores de 1959-60, com o T51 e seu sucessor T53. Mas, o design ‘elegante’ do T55 de Owen Maddock, basicamente uma evolução do motor anterior, era uma máquina balanceada que, simplesmente, faltava o poder para ser um campeão mundial. Isso se deu devido à mudança de motores de 2.5L para 1.5L, alteração que permitiu que a Ferrari pulasse à frente com o lendário ‘sharknose’ (foto).
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Cooper teve que usar o motor Coventry Climax de quatro cilindros para a maior parte de 1961, enquanto esperava pela nova versão V8. O que deu uma margem de 35bhp para o motor da Ferrari, uma porcentagem grande para a quantidade de potência disponível, mas quando o motor V8 apareceu no GP da Alemanha, apenas para Jack Brabham, ele não foi tão potente quanto esperado e se mostrou não confiável.
Na temporada a Cooper conseguiu chegar ao pódio apenas uma vez, nas oito corridas de 1961, com Bruce McLaren chegando em terceiro com o carro de quatro cilindros em Monza.
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